As comunidades estão confrontadas com temáticas como a participação comunitária, resultante de preocupações concretas, sentidas pelas populações nos seus bairro, em relação a fenómenos como a intolerância, as taxas de criminalidade ou de violência e o sentimento de não ter poder para produzir mudança.
A participação, segundo o autor, é encarada como resposta a estas fragilidades sociais. Estes fenómenos criam a necessidade de estruturar intervenções sociais, que facilitem a emergência de comunidades competentes e saudáveis. O fim de todas as intervenções é a mudança social, e sempre com os horizontes assentes no competência e no bem-estar da comunidade que se quer criar.
A participação comunitária pode ser entendida como um resultado do envolvimento das pessoas da comunidade, na sua participação (activa, democrática, participativa cooperativa, etc.) para resolver interesses comunitários. É uma ferramenta útil para a construção de comunidades saudáveis. A participação favorece o bem-estar individual, como membro activo de uma sociedade civil., e isso repercute-se no seu sentimento emocional face à comunidade.
“Damos ênfase à vizinhança porque as vizinhanças são os locais onde os laços da comunidade se criam, são onde nasce a participação comunitária” (Edwards et al., 2001 cit por Ornelas, 2002, p. 11).
“Os fenómenos resultantes da participação comunitária poderão ser a base de um campo privilegiado de estudo e investigação sobre os mecanismos utilizados na resolução dos problemas, os processos de liderança, coesão e bem-estar, proporcionados pelo envolvimento dos membros de uma comunidade no decurso dos processos de mudança” (Ornelas, 1998, p. 5).
“A participação comunitária é um processo pelo qual os indivíduos tomam parte nas tomadas de decisões das instituições, dos programas e nos ambientes que os afectam” (Heller, Price, Reinharz, Riger e Wandersman, 1984. p. 339).
A participação dos cidadãos não é simplesmente a oferta voluntária de tempo ou recursos, mas resulta da sua participação nos processos de decisão a favor da comunidade. A participação comunitária não se resume a um suporte ou ajuda entre membros de um determinado grupo, envolve o contributo efectivo nas decisões, com impacto na mudança social, o que pode acontecer segundo diversas formas como, a qualidade de vida nos bairros, questões ambientais, segurança e prevenção da violência interpessoal (Dalton et al. 2001 cit. por Ornelas, 2002, p. 6)
Foram identificadas duas formas de participação comunitária. A participação ao nível dos Grass-roots, em que se referem a organizações e movimentos sociais organizados por cidadãos, que identificam os seus próprios objectivos e métodos. E a participação comunitária ao nível do Government-mandated (ou participação formal), em que se prevê, desde logo, a oportunidade dos membros de uma comunidade influenciarem as decisões politicas (Rich, R; Edelstein, M; Hallman, W. & Wandersman, A., 1995).
A participação dos cidadãos desempenha um papel importante em diversos sectores da sociedade, incluindo, sectores de trabalho, programas de saúde e de ambiente, planeamento e reabilitação de bairros e de vizinhança, instituições de acção social e participação politica. A participação comunitária provoca efeito nos indivíduos, nas relações interpessoais e nas condições físicas e sociais.
A participação comunitária está usualmente associada a movimentos que na sua essência têm origem nos grupos que mais sentem necessidade de fazer valer os seus direitos (minorias).
“O Sentimento de Comunidade e de Pertença em relação a uma vizinhança, a preocupação demonstrada pelos outros e o acreditar que alguém se preocupa com o próprio(a), são atitudes cruciais que podem encorajar ou desencorajar a participação. Se o nosso objectivo for a compreensão do envolvimento cívico e da participação comunitária, as associações de vizinhança, deveriam ser vistas como o focus ideal para a nossa intervenção, pois oferece aos cidadãos a oportunidade de discutir os problemas da comunidade com os outros vizinhos” (Ornelas, 2002, p. 11).
A participação comunitária aumenta a qualidade dos contextos, dos programas, de projectos, aumenta o sentimento de controlo destes, aumenta o sentimento de responsabilidade e diminui o sentimento de alienação (Wandersman, 1979).
A participação dos cidadãos cria um potencial positivo para as escolas, bairros e outras instituições, melhorando desta forma os ambientes e serviços de resposta a indivíduos. Melhora a qualidade do ambiente da comunidade, porque as pessoas envolvidas na implementação têm um conhecimento da realidade que mais ninguém possui, contribuindo para esta melhoria. Apesar dos exemplos em cima referidos fornecerem um reflexo do vasto interesse da participação do cidadão, sabemos que nem sempre é fácil aplica-los com sucesso na resolução de problemas.
Checkoway (1991) “descobriu que mais membros e líderes activos nas associações locais, poderão avaliar os problemas da comunidade de uma forma mais severa”. (cit. por. Wandersman & Florin, 2000, p. 251).
“A proximidade espacial dos vizinhos faz destes elementos, potenciais fontes de suportes e de ajuda” (Unger e Wandersman, 1985, cit por. Wandersman & Florin, 2000, p. 261).
Alguns estudos constataram um fortalecimento da vizinhança através da participação dos residentes (Latessa e Allen, 1980, in Wandersman & Florin, 2000, p. 263). Através de informação longitudinal, Wandersman & Unger (1983), demonstraram que “a participação aumentava significativamente com o grau de vizinhança”.
Ahlbrandt e Curringham (1979) e Hunter (1974) constataram que residentes com um maior numero de amigos ou que, conservavam relações mais estreitas com os seus vizinhos, tinham mais probabilidade de se tornarem membros de associações de bairro (in Wandersman & Florin, 2000, p.261).